Introdução
Entre as profissões liberais, a Odontologia talvez seja a mais fascinante. Em primeiro lugar porque é muito arte na sua melhor concepção. E é uma arte "sui generis", pois ela não é para ser exibida. É dissimulada, é imitação e, às vezes, aperfeiçoamento da natureza. Em segundo lugar, é muita ciência, quando se sabe que o dente integra um sistema mastigatório altamente sofisticado e comandado como um "computador natural". Ao ser ligado no alvéolo por fibras muito sensíveis que lhe conferem um pequeno movimento, o dente não pode ser considerado um elemento estático, unitário. Ele integra um verdadeiro sistema mecânico natural, cujo nome é sistema estomatognático. Em terceiro lugar, a Odontologia é a aplicação quase que direta dos conhecimentos e progressos da área industrial, principalmente no campo dos materiais dentários. E isto remonta a séculos passados com o ouro, por exemplo, seja laminado, em fio, fundido ou soldado. E depois com a porcelana, aperfeiçoada da cerâmica. Posteriormente, com a vulcanização da borracha, com a descoberta dos plásticos. A indústria construiu os motores elétricos e os de alta rotação desenvolvidos pelos dentistas para os preparos executados nos dentes. A indústria aperfeiçoou os metais usados na construção das brocas, dos fórceps. Em quarto lugar, a profissão pode passar de pai para filho de mestre para acadêmico, num aprendizado direto, um cedendo o que sabe, outro, recebendo essa cultura tão dadivosa. BREVE HISTÓRICO DOS MUSEUS NO BRASIL
A mais antiga experiência museológica de que se tem notícia no Brasil remonta ao século XVII e foi desenvolvida durante o período de dominação holandesa, em Pernambuco. Mais adiante, já na segunda metade do século XVIII, no Rio de Janeiro, surgiria a famosa Casa de Xavier dos Pássaros, em verdade, um museu de história natural, cuja existência prolongou-se até o início do século XIX. Ainda que essas duas experiências museológicas não tenham se perpetuado, elas constituem uma notável evidência de que, através dos museus, ações de caráter preservacionista foram levadas a efeito durante o período colonial. De qualquer modo, acontecimentos museais capazes de se enraizar na vida social e cultural brasileira só seriam perpetrados após a chegada da família real portuguesa, em 1808, o que se constituiria num marco sem precedentes. É nesse quadro que, em 1818, é criado o Museu Real, hoje Museu Nacional da Quinta da Boa Vista e, em 1816, a Escola Real de Ciências Artes e Ofícios, que, a rigor, pode ser considerada a célula-mãe do atual Museu Nacional de Belas Artes. De modo gradativo, a imaginação museal no Brasil foi se constituindo com as experiências desenvolvidas no século XIX, sobretudo a partir de sua segunda metade. Nesse sentido, merecem destaque a criação do Museu do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1938), do Museu do Exército (1864), da Sociedade Filomática (1866) - que daria origem ao Museu Paraense Emílio Goeldi -, do Museu da Marinha (1868), do Museu Paranaense (1876) e do Museu Paulista (1895). Este breve e incompleto esboço da constituição da imaginação museal no Brasil permite que se compreenda que, mesmo antes do surgimento das universidades e dos institutos públicos de preservação do patrimônio cultural, os museus já exerciam as funções de pesquisa, preservação, comunicação patrimonial e mesmo de formação e capacitação profissional. Em 1922, durante as comemorações do Centenário da Independência do Brasil, foi criado, no Rio de Janeiro, o Museu Histórico Nacional. Esse gesto emblemático de criação de um museu de história constituiu uma novidade, ainda que não fosse, como alguns autores pretendem, um gesto divisor de águas, posto que, a rigor, ele vinha preencher uma lacuna identificada no século anterior. Se existem gestos divisores de águas no campo museal, eles encontram-se na criação do Curso de Museus (1932) e na criação da Inspetoria de Monumentos Nacionais (1934), dois acontecimentos produzidos no âmbito do Museu Histórico Nacional. O primeiro foi responsável pela institucionalização da museologia e dos estudos de museus no Brasil e o segundo foi um dos principais antecedentes do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), criado em 1936. APUD "Política Nacional de Museus - Relatório de Gestão 2003/2004 - p. 20-1". |